Hammer o pionista - parte IV- esperar o ‘martelo realmente bater’.

-Meu coração parou de bater?Estou enjoado, onde estou?Não posso mover-me ou enxergar, eu estou morto?Os outros estão mortos? –Perguntava-se até adormecer por efeito da morfina aplicada em sua veia.


Um dia depois acordara em um quarto de um bom hospital:

-O que aconteceu?-perguntou a morena enfermeira.

Ela conteve-se por um segundo:

-Eles não resistiram.

A língua de Hammer se contraia junto com seus músculos e pernas amputadas:

-Você esta certa disto?

Ela só balançara a cabeça.

Seus filhos, suas crias já grandes com tanto futuro pela frente, uma má tragédia. E sua esposa? Ela teve o que mereceu por tantos anos de infidelidade? Não, não era justo.

Dias se passaram e depois voltei para casa na cadeira de rodas a qual seria minha companheira pelos anos seguintes que me restassem. Tudo era vazio, a casa era grande demais agora. Então no momento em que cheguei Chá viera me receber com um belo sorriso de alivio e alegria, foi dali que vi que precisava continuar.
A minha vida não poderia parar porque a minha família não estava mais lá, por eu estava invalido ou com coisa que valha, ainda havia minhas mãos e o piano.
Foram nestes últimos anos em que levantava mais cedo de minha cama acendia as luzes e continuava pelo simples fato de que a vida não teria, mas pena de mim. Eu não perdia mais tempo, cuidaria de Chá com meu genro e minha nora que ainda sofriam muito.

Toda a noite via que um pedacinho de mim havia se separado, de dia fortalecia meus músculos, enquanto sentia meu corpo se decompondo com os anos de sofrimento.

Foi em certa tarde enquanto conversava com meu neto que uma inspiração veio a mim e dela criara as minhas duas maiores obras primas na música. Daí chamaram o meu nome para a fama mundial o ‘martelo agora batia’.

Ouve o período de crise econômica, onde muitos caíram: agora ricos pobres e famosos éramos todos iguais. Mas não importava , eu era feliz com minha música, com meus neto, com meus íntimos.Nesta altura da vida percebia que ergui meu rosto novamente e ainda poderia dizer que eu era uma pessoa alta, orgulhosa de tudo o que aconteceu, eu gritei mais alto e mais alto para que o mundo pudesse me conhecer toda a minha dedicação e amor a um instrumento, agora poderia fazer minhas ultimas preces esta noite e esperar o ‘martelo realmente bater’.



Sr.Hammer