Encontrarmos naquele cais secretamente ás sete horas da noite, hora, momento de encontro tão bem esperado ao longo do dia.
Ela estava vindo vagarosamente, delicada como nunca havia visto, sobre um vestido simples e rosado com algumas pequeninas flores a estampá-lo, não consigo descrever o modelo afinal prestava mais atenção em seu rosto não maquiado, porém fascinante para um garoto como eu.
A beira-mar estava sendo banhada pela luz do luar, tão agradável e não masculino, mas isto não importava, afinal ela viria ao meu encontro:
-Boa noite Peg.
-Boa noite, a Lua esta magnífica.
Eu a olhava com minha costumeira cara de bobo quando a via tentava imaginar o que ela sentia ali dentro.
-Não o vi o dia todo, recebi o seu bilhete- tirava-o do bolso e o mostrava.
A minha cabeça pensava apressada enquanto minha boca não acatava o recado de meu cérebro em ficar calada:
-Te amo loucamente...
Havia saído aquele sussurro verdadeiro, mas desconcertante, eu estava vermelho, e a olhava de cabresto percebendo suas feições tímidas:
-Eu, te corresponderei se puder.
Mas no fundo ela não poderia, estava pensativa, eu queria fugir com ela ali naquele estante, era uma solução agradável a que minha imaginação fantasiava. Eu estava de certa forma feliz ali dentro:
-Vamos passear perto á praia?
-Areia parece um lugar confortável.
E nós ali andávamos no chão arenoso e fofo, com os sapatos á mão, observávamos as conchinhas ao solo. Ela apanhava uma em sua mão branquinha, eu a pegava e colocava o resto de crustáceo com areia em seu nariz, eu corria, sentia-me uma pessoa romântica e queria fazer isto para sempre!
Ela me acompanhava trás como uma criança correndo atrás de um doce, ela estava realmente fantástica senhores, fan.tás.ti.ca.Peg havia me alcançado num pulo sobre mim, a areia era levantada com o tombo duplo.Ela estava em cima de mim enquanto me encontrava de bruços com a face junto aos grãos da praia:
-Tome sua conchinha!-Jogando-a em minha cabeça
Ela ria como nunca, estava agora sentada ao meu lado:
-Cansei. -dizia
-Eu dormiria aqui. -Eu dizia enquanto sentava limpando a areia de meu corpo.
As gostas de chuva caiam em nossas cabeças enquanto olhávamos ao céu:
-Sempre quis dançar á chuva
Ela sorria enquanto eu ficava de pé:
-Agora preciso de uma voluntária!-falava animadamente
Ela me acompanhava sempre rindo, ela realmente não sabia dançar, mas riamos enquanto ela subia em meus pés tentando equilibrar-se:
-Oh! Que boa idéia. -Sempre rindo docemente
-De fato uma grande alegria.
Estávamos ali nos divertindo em plena chuvinha, um pouco molhados, mas sempre felizes, ela era tão charmosa!
-Aquele dia passou e eu nunca mais a vi, fiquei pensando por onde você estaria.
Nós nos reencontrando depois de tantos anos, mas a sensação era a mesma, aquele frio na barriga da adolescência voltava. Passávamos um tempo num navio em alto mar indo para o continente, relembrando a cada noite o que havia passado:
-Naquele tempo eu tinha que perguntar ao meu pai.
Nós riamos dos costumes das épocas, pensando no que poderia ter acontecido:
-Penso no que poderia ter acontecido- Ela falava
-Eu lhe peço que sejas meu par no dia dos namorados- Olhava-a fixamente em seus belos olhos pequenos
-Eu terei que perguntar ao meu pai - Ela segurava as suas mãos a face para não ri muito alto
Ela segurou minha mão, enquanto meu coração visivelmente apaixonado respirou aliviado. Fomos passear pelo cassino,dançar e finalmente paramos num dos cantos gradeados da embarcação:
-E tudo não passou de um passeio à beira mar...
-Agora só o mar nos separa da beira mar.
Nós mandávamos um beijo para o mar, afinal não precisávamos da beira mar.
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